O Haras

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Sempre perguntam qual a razão da escolha do nome SANTARÉM. Duas coincidências deram origem ao nome.

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Nos idos dos anos 50, Sylvio Bertoli, o titular do haras, morou por um ano na cidade do Rio de Janeiro, onde namorou uma moça que se orgulhava da terra de seus ancestrais: “a pátria dos rouxinóis e das madre-silvas”, que fora várias vezes capital do reino de Portugal e cuja história era a própria história da pátria, Santarém, a capital da província do Ribatejo, cuja paisagem vista do “varandim das Portas do Sol”, era insuperável.

Ao ler as histórias dos primeiros grandes cavalos nacionais, a de “Santarém”, ganhador de 18 provas clássicas, soava-lhe particularmente simpática.

Romântico incorrigível, nos meados da década de 60, quando resolveu dar continuidade a uma velha paixão da infância interiorana, iniciando um pequeno criatório do PSI, a escolha do nome explodiu naturalmente.

Uma incumbência advocatícia o obrigara a receber uma área de terras relativamente pequena, num bairro de Curitiba, hoje praticamente central. Área pequena demais para uma fazenda, mas de localização e fertilidade ideais para um pequeno haras. Este fato aliado à intenção de não se desfazer facilmente dela, tornou decisiva a intenção do estabelecimento criacional.

Pela dimensão da propriedade, teve que manter sempre um plantel reduzido. A pouca quantidade porém foi compensada pela qualidade na criação, tornando-se uma imposição permanente do titular, que exigia esmero não apenas na parte criacional mas também zelo e carinho especial no amanho da terra e manejo do solo.
Assim, desde os primeiros produtos estreados nos vários hipódromos brasileiros, a exigência rigorosa na criação manifestou-se através das inúmeras vitórias conseguidas.

As três primeiras gerações entre 68 e 70, foram de apenas três a quatro produtos anuais, todos com a letra “s” inicial. Entre eles, cumpriria destacar de 68, Superno (Nordic), com 4 vitórias em C. Jardim; de 69 Sitieiro (Jackmar), ganhador de 9 corridas na Gávea; de 70 Símpulo (Queisto), com 11 vitórias na Gávea e Satyricon (Major’s Dilema), que obteve 6 vitórias em C. Jardim.
Na medida em que o haras melhorava o plantel e suas técnicas de criação, os ganhadores foram atingindo o nível clássico. Na geração da letra “a”, de 1.971, destacou-se Abaíba, primeira ganhadora de grupo egressa do haras. Essa “pretinha”, filha do americano Twinsy, foi adquirida pelo renomado Haras Santa Ana do Rio Grande, para quem ganhou uma série de clássicos, e, como reprodutora, proporcionou-lhe vários animais clássicos e é avó do ganhador do Derby Paulista Core Business.

A partir de 70, a média anual dos produtos não passou de seis. Alguns anos dez, outros apenas quatro ou cinco. Seguiram-se assim, entre outros, Arum Al Rachid (Levino); Astrágalo (Cigal) detentor de inúmeras vitórias e posteriormente reprodutor do Haras Mauá; de 1.972 pode-se citar Barone (Twinsy), um fenômeno de velocidade e ganhador do Turfe Paranaense, que foi uma das primeiras vítimas da anemia infecciosa equina, fatalidade advinda da falta de informação dos “penqueiros”da época; Blakbird (Morven) que, entre outras vitórias, conquistou o GP Cidade de Curitiba. Da geração de 73 destacaram-se Cherokee (Fás) e Clavileño (Galesian).

Em 1974 surge uma extraordinária geração, constituída por Debique, por Selenio, importado no ventre, cavalo clássico, e, posteriormente reprodutor, várias vezes líder das estatísticas do Tarumã. Dark (Fás), que entre inúmeras vitórias conseguiu arrebatar o GP Governador do Estado e o GP Brasil de Amadores. Decálogo (Fás), Demarch1 (Incaico), Denaro (Incaico) e Diáfora (Saint Roi) foram outros excelentes ganhadores dessa geração.

Numa fase de renovação do plantel de ventres e com poucas opções de garanhões locais, o Haras Santarém comprou produtos desmamados para recria, entre os quais se destacaram Le Mans (Córpora), 14 vitórias entre Tarumã e C. Jardim, com várias provas clássicas e Loteca (Córpora) égua clássica e posteriormente muito boa reprodutora. Em 76 brilhou Faster (Heródoto).

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GAIATO
vencendo o GP Rafael Aguiar Paes de Barros (G2)- 2.400m, grama, abril 1981

Mas foi a geração 77, gerada pelo garanhão Orff, que Sylvio Bertoli trouxe para a reprodução, que elevou o Haras Santarém aos mais altos níveis do turfe brasileiro, através de um elenco de craques como Gaiato, Gabellino e Garola, todos ganhadores clássicos importantes e animais destacados, conhecidos e festejados, assim como Guaqueña, Gevê e Guatemalteco, todos excelentes ganhadores.

Na geração seguinte brilhou Haüy, por Orff, que entre suas 13 vitórias conta-se o Derby Paranaense e o GP Governador do Estado. Já na geração de 79 sobressaíram-se Irish Bolt e Ibiú, ambos por Orff, que foram 1° e 2° na Taça Pinheiro de Ouro – G3. Além deles, Iracundo (Sabinus) ganhador de handicaps e de 6 corridas na Gávea. A letra “J” do ano seguinte, foi outra geração marcante. Jacamin, por Orff, foi clássica em C. Jardim. Jolarka, também por Orff, égua de padrão clássico, roçava pelo com a campeã Bretagne fazendo 2º no GP Henrique Possolo (G1) à cabeça. Jaspring (Orff), não correu, mas produziu a campeã de velocidade na cancha reta de Lages – Prosadora. Jopema outra filha de Orff, que não correu, produziu os craques New Astral, Gainfol e EL ASTRAL. Essa foi a última geração de Orff, que morreu prematura e inexplicavelmente. Este fato, aliás, trouxe um longo período de desânimo a Sylvio Bertoli, que apenas movido pela paixão ainda criava alguns produtos, filhos dos poucos garanhões disponíveis no Paraná. Vieram a seguir, a partir de 81, Kengyr (Leoncito), várias vitórias na Gávea;  em 86 foi a vez de Picny (Bereber), Primary (Bereber), handicap horse com 21 vitórias, sendo 19 em C. Jardim e mais Prosadora (Braseante), já comentada. A geração de 87 é outra de grande destaque, pois produziu três excelentes animais clássicos, a saber Quarup, Quensu (Bereber) ganhador de 13 corridas na Gávea, inclusive uma listed race e Quasar (Braseante) , ganhador inclusive do Derby Paranaense.

Quem ajudou a revelar Sestero , como muito bom garanhão, foi o Haras Santarém quando passou a alojá-lo. Antes do aparecimento de Dancer Man, somente o Haras São José da Serra lhe dera uma oportunidade, da qual resultou Ortogonal. O Santarém havia mandado às pistas Tut Ankh Amun (mais de 20 vitórias em vários hipódromos); Tomahawk (4 vitórias na Gávea), Vaghezza (várias vitórias na Gávea, incusive PE José Lauro de Freitas), Valcanetto (10 vitórias na Gávea) e Vessilo mais tarde nominado Lorde Taio (com várias vitórias e colocações em provas de grupo na Gávea).

Para se ter uma idéia precisa da qualidade e do esmero na criação do Santarém, bastaria analisar a quantidade de excelentes produtos, filhos dos mais variados garanhões, alguns até de limitadas condições e que nada produziram em outros haras.

As vitórias dos crioulos do Santarém não pararam aí. Em 93 foram 3 filhos de Babor: Wang e Wonder Colt, bons ganhadores na Gávea, e, WULONG, cavalo clássico no Tarumã e na Gávea, que foi sacrificado em virtude de uma fratura em pista, quando atravessava o ápice de sua carreira. Poderemos lembrar mais Wang Ti Hong, por Delvecchio, com 4 vitórias e colocações clássicas nas duas primeiras provas da Tríplice Coroa Carioca. Na geração seguinte, Xame (Sestero) e Xairel (Slap Jack), demonstraram na Gávea a real força da criação do Santarém. Da letra Z podemos destacar o clássico ZIMBALLUM Delvecchio)e o excelente ganhador Zarevic (Sestero).

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Coincidentemente, a nova letra “ A” iniciou a criação nas novas instalações do Santarém, compradas do Haras Boa Fé. A antiga área será um grande e exemplar campus universitário. Ao adquirir o novo haras, com área seis vezes maior que a do primeiro, Sylvio Bertoli decidiu remodelar totalmente seu plantel. O estoque genético do novo elenco não deixa margens para discussão no tocante ao rigoroso critério na escolha, tanto para reprodutoras quanto dos garanhões. Logo na letra “B”, o haras produziu o ganhador clássico Uruguaio BOMBARDIER (Delvecchio) o placée de Grupo 2 Balenos (Spend a Buck) depois exportado para os Estados Unidos: na letra “C” produziu o ganhador de Gupo 3 e excelente ganhador CYLLARUS (Parme), o clássico Chucker Out (Dodge); na letra “D” produziu a ganhadora de Grupo 3 DRAGONET (Parme) e exportada para a Irlanda para reprodução devido a sua alta linhagem, o ganhador de Listed DRAGONAÇO (Parme), a ganhadora de Prova Especial DARDIÉRE (Parme) e o múltiplo colodado clássico Dipinto (Parme); na letra “E” revelou a múltipla ganhadora clássica e de Grupo 2 ELFISHNESS (Blush Rambler) e também ganhadora de Grupo 3 ENDLESS BEAUTY (Roi Normand) e o clássico Emerald Gun (Kenético); na letra F produziu o ganhador de Grupo 1 e Grupo 3 ALUCARD (ex: Fandango Rasgado) por Patio de Naranjos,  o ganhador de Listed FRISSON PORTENHO (Missionary), bem como a placée de Grupo 2 Forever Blue (Roi Normand), ainda o clássico Forever Friends (Roi Normand). Na letra G temos o milionário  (US$ 9,404,476) e múltiplo ganhador clássico de Grupo GLÓRIA DE CAMPEÃO ganhador da Daubau World Cup (G1)com campanha internacional e o clássico Guériguéri ambos por Impression. A geração da letra H possui vários clássicos: o vencedor da primeira prova da tríplice coroa paranaense HONORIFIQUE (Parme) que promete muito quando pisar na grama e a ganhadora de Grupo 3 HILARIS (Parme) e a excelente HÉMÉROCALLE (parme), o ganhador de penca e invicto no prado HAMTARO (Impression), os clássicos Hariolus, Hic e Habilitatis todos filhos do excelente IMPRESSION. A geração da letra I é muito vencedora com a placée de Grupo 3 It is Charming (Giant Gentleman) e o milheiro multi ganhador clássico ISO INCONTESTE (Golden Voyageur e o clássico It Is A Fighter (Dancer Man), também podemos citar o excelente Il Gionalino (Impression) e o clássico IN SOUND (Dance Man); na letra J temos o excelente JUSJURANDUM (Suspicious Mind e JEU DE MOT´S (Impression) ambos ganhadores de Listed no Tarumã. Na letra K podemos destacar os ganhadores de Provas Especiais KÓBIRI (Giant Gentleman)e KAHUNA (Inexplicable). Na letra L destacam-se as filhas de TIGER HEART, como a líder da geração LICCA-CHAN, a ganhadora do Turfe Gaúcho LA PASSIONE e a clássica Luccica Fortuna.  Temos também as clássicas filhas de Fahim como Lusinga D´Amore e Lolly Beauty. Na próxima geração se destacaram a ganhadora clássica MIRABILE VISU e o admisrável penqueiro MERIGGIO. Na letra N o melhor foi o velocista e múltiplo ganhador clássico NAVICELLO  e a clássica Namable. Na geração 2011 nasceram inúmeros animais clássicos, como OUTPLAY, vencedor da primeira prova da triplica coroa paulista, o excelente ganhador clássico OGGIGIORNO em Maroñas, e os clássicos ORZUELA, Orechino, Ovúnque e Studebaker, Na letra P, se destaca a múltipla ganhadora clássica PACCHIA, a velocista PIANELLA, PIACEREE MEZZO corredor de meio fundo e Pioppo.

O Haras Santarém sempre manteve uma parte de suas atividades à criação de animais pensionistas, ou seja, proprietários que desejam criar no estabelecimento mantendo o direito de criador, mas tendo todo um expertise criacional” de maisde 30 anos à sua disposição. Podemos afirmar que hoje é um dos melhores estabelecimentos do País e com melhor resultados para seus pensionistas, nas novas instalações produziu para inúmeros proprietários, como exemplo: STORM (Aksar) ganhador de Grupo 1 e posteriormente exportado para os Estados Unidos; o ganhador de Grupo 2 RAINBOW GOLD (Flying Finn),;MONZON (Know Heights) ganhador de Grupo 2; o ganhador de Grupo 3 CLOD BER JR (Clod Ber) e posteriormente exportado para Dubai; o ganhador de Grupo 3 no Uruguai GUMPY (Delvecchio); o ganhador de Listed e placée em G1 BLUE DEEP (Burooj); o velocista e ganhador clássico NEW FREEDOM (Burooj) também exportado para Dubai; o excepcional penqueiro NERGY SELLER (Nergy Boy), único animal do Brasil a estrear vitoriosamente em Prova de Grupo 1 posteriormente exportado para os Estados Unidos; o ganhador de Prova de Grupo 3 BIG SPARTAN (Spend A Buck) e recentemente exportado para Dubai, entre muitos outros campeões criados e recriados em sua instalações.Neste último ano se destacam TIGER WOODS e o clássico Gipsy Bullet. Após foram criados LADY MARY ANNE e GAJA BARBARESCO. Logo após podemos destacar a ganhadora do turfe gaúcho ESTRELA GIOVANA e o clássico no Uruguai ONDA MAIOR e DATSPEAKER. No presente ano, se destacam como líderes da geração em CJ, os clássicos SAMBA DE BAMBA, THE BUTELER, PIONEERING AGAIN e HOLLY legal e Glaura´s Gift.

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Vista aérea da propriedade

Hoje estão estão alojados os garanhões TIGER HEART, produtor de extrema velocidade e as novas esperanças COURTIER (Pioneerof The Nile), SALTO (Pivotal) e GOLDEO (Galileo) portador de um dos melhores pedigrees que já aportaram no Brasil. Tudo a disposição dos pensionistas e cotistas dos reprodutores.

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Vista de um dos piquetes no novo Haras Santarém

O novo Haras Santarém está chegando para realizar um projeto criacional que permita produzir elementos com capacidade para serem grandes corredores aqui e no exterior.

O Haras Santarém está localizado em :
Estrada da Cotia – Km 4,5 – S. José dos Pinhais – Paraná
Fone:(41) 3382-4113